Branding e Identidade

Project Fizzion: como Coca-Cola e Adobe transformam o branding com IA

Marcelinho
Marcelinho
4 min de leitura
Imagem ilustrativa do Project Fizzion com logotipos da Coca-Cola e Adobe

O Project Fizzion resolve o que precisava ser resolvido: escala e consistência. Mas deixa uma pergunta aberta: quem cuida da alma da marca quando o processo automatiza?

A união entre Coca-Cola e Adobe no Project Fizzion é, sem dúvida, um dos avanços mais relevantes do branding contemporâneo. Resolveram o que era inegociável: como manter a consistência visual de uma marca global, em escala, com velocidade e precisão.

Mas quem trabalha com estratégia e construção de marca sabe: toda vez que a tecnologia resolve um problema técnico, surge uma nova pergunta criativa.

Esse texto é sobre essa tensão. A potência do que foi resolvido e o espaço que continua sendo, e sempre será, exclusivamente humano.

O Project Fizzion: a engenharia que a escala exige

Com mais de 200 marcas em mais de 200 países, a Coca-Cola precisava de um sistema que garantisse coerência sem sufocar as adaptações locais. O Fizzion entregou: transformou guidelines em ativos inteligentes, automatizou a aplicação visual, criou StyleIDs que garantem consistência sem rigidez.

É uma vitória clara. E mais do que isso, é um alívio para os criativos, que deixam de gastar energia com o operacional e podem focar no que realmente diferencia: conceito, narrativa, inovação estética. Não se trata de substituir o designer. Mas de libertá-lo.

A verdadeira função da IA no branding

O discurso da Coca-Cola e da Adobe é preciso: IA como copiloto, não comandante. E eles estão certos. O Fizzion aprende com os criativos, automatiza o previsível, elimina o erro e libera espaço para o essencial: a invenção.

Isso resolve o maior dilema da operação global de branding: como manter a marca viva, coerente, adaptável e, ainda assim, humana. Esse ponto é fundamental. Não se trata de uma ameaça à criatividade, mas de uma ampliação das suas possibilidades.

O que a tecnologia resolve e o que ela não toca

O Fizzion resolve o fluxo. Resolve o tempo. Resolve o controle. Mas não resolve, e nem deveria, a essência.

A IA pode gerar variações infinitas. Pode aplicar logotipos com precisão cirúrgica. Mas não pode decidir o que a marca quer fazer o público sentir.

E aí está a fronteira. Uma fronteira ética, criativa e estratégica que toda marca precisa manter visível: o que eu automatizo e o que eu nunca devo delegar ao sistema.

A lição que o mercado precisa aprender

O Project Fizzion é um avanço que merece ser estudado e, em muitos casos, replicado. Mas também precisa ser interpretado com inteligência. Ele não é um atalho para criar marcas fortes, ele é uma ferramenta para preservar o que já está claro.

Sem clareza de posicionamento, sem narrativa, sem identidade emocional, a automação só multiplica ruído bem diagramado. Por isso, o maior risco não é usar IA demais. É usar antes de ter definido quem você é e o que quer que as pessoas lembrem ao interagir com a sua marca.

A vitória da Coca-Cola e a responsabilidade de quem observa

A Coca-Cola merece o crédito: entendeu seu tamanho, reconheceu a complexidade da operação e criou um sistema à altura. Mas o mercado precisa resistir à tentação de achar que Fizzion é a solução total.

Ele é solução para escala, não para essência. A essência continua sendo um trabalho artesanal, humano, de percepção e direção estratégica.

Project Fizzion é mais do que um case de sucesso. É um exemplo sofisticado de como tecnologia e criatividade podem e devem colaborar. Mas também é um lembrete discreto: a tecnologia não cria essência.

Ela preserva. Amplifica. Mas quem cria, quem decide, quem emociona… ainda somos nós.

Se você quer escalar uma marca, estude Fizzion. Se quer criar uma marca que dure, estude a alma dela.

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